Úlcera é definida como uma lesão aberta, com perda de tecido, que ocorre na pele ou nas mucosas, ou seja, é uma ferida. A úlcera péptica é uma lesão (ferida) da mucosa do aparelho gastrintestinal, que ocorre principalmente no estômago e no duodeno (porção inicial do intestino). A úlcera péptica é uma doença comum, em todo o mundo, acometendo principalmente os indivíduos com idade entre 30 e 70 anos. Não existem dados brasileiros oficiais, mas acredita-se que até 10% da população tem, já teve ou terá úlcera péptica, em algum momento da vida.
Como a úlcera se desenvolve?
Para que ocorra a digestão dos alimentos, o estômago precisa produzir ácido clorídrico e outras substâncias que são responsáveis por iniciar o processo. Com isso, o conteúdo desse órgão fica bastante ácido, o que poderia levar a lesão de suas paredes caso o organismo não tivesse desenvolvido mecanismos de proteção. As células do estômago produzem muco, uma espécie de substância gelatinosa, que recobre sua parede e é um dos principais mecanismos protetores. Outros fatores protetores são a secreção de bicarbonato (que neutraliza o ácido) e a descamação constante da mucosa gástrica. Todos esses mecanismos protetores são controlados pela produção de algumas substâncias chamadas genericamente de prostaglandinas. Isso é importante, porque determinados medicamentos antiinflamatórios inibem a produção das prostaglandinas, comprometendo os fatores protetores do estômago e do duodeno. Por isso que sentimos dor de estômago quando tomamos alguns desses medicamentos.
O que o paciente sente?
O sintoma mais comum é a dor, geralmente em queimação, não muito intensa, localizada na região do estômago ("boca do estômago"). Os pacientes comumente relatam-na como ‘dor de fome’. A dor dura semanas e apresenta uma ritmicidade, que não é exclusiva de cada tipo de úlcera:
• Dor que piora ou é desencadeada quando o paciente se alimenta. Esse tipo é mais comum na úlcera de estômago.
Como é feito o tratamento?
Como medida geral, recomenda-se que o paciente faça as três refeições de forma regular. Não existe aquela história de que o paciente com úlcera deve comer pouco e várias vezes ao dia. A única ressalva quanto à alimentação é de que se devem evitar os alimentos que causem sintomas. Outra recomendação importante é a de evitar o tabagismo; o cigarro dificulta a cicatrização da úlcera, e de qualquer outra ferida. O álcool não retarda a cicatrização da úlcera, mas como ele lesa a mucosa do estômago, recomenda-se que os pacientes bebam com moderação ou evitem o uso de bebidas alcoólicas. Os medicamentos utilizados no tratamento dessa doença são, principalmente, aqueles que reduzem a produção de ácido pelo estômago. São duas famílias de medicamentos:
• Inibidores da bomba de prótons: omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, etc.
• Bloqueadores H2: cimetidina, ranitidina, famotidina, etc.
• Atenção especial ao uso de antiinflamatórios: esses medicamentos devem ser evitados!
E a cirurgia?
A cirurgia está indicada nos seguintes casos:
•Presença de complicações da úlcera péptica;
•Tratamento medicamentoso não levou à cicatrização da úlcera;
•Recidivas são freqüentes, mesmo após o tratamento da úlcera e da infecção pelo H. pylori.